segunda-feira, 30 de abril de 2012

VIAGEM


Esperas-me no sitio habitual...
Tentamos estar bem sincronizados para não haver esperas, não despertar curiosidades indesejadas...
Entro rapidamente... Um "Bom dia" normalissimo satisfaz-nos por agora...
O coração dispara pelo perigo e em antecipação... Iniciamos uma conversa banal plena de "como estás?", "como foi o resto do teu dia?"... Os metros acumulam-se em kms... O medo de sermos apanhados vai, aos poucos, desaparecendo...
"E eu não tenho direito a um "Bom dia!" como deve de ser?!"... faço sempre a mesma pergunta, não é?
Páras o carro! No meio da estrada vazia de trânsito e de luz... Sinto a suavidade dos teus lábios nos meus... Uma caricia tão suave... "Bom dia!", dizes-me com um sorriso rasgado que te provoca dois sulcos nas faces.
Novamente em marcha... é que todos os segundos contam... e o nosso tempo é escasso.
Enquanto conduzes, acaricio-te com os olhos... tenho até receio de te tocar. Sei que isso te faz perder um pouco a concentração... E isso não convém acontecer a conduzir! Iria ser muito dificil de explicar a nossa presença ali... Muito mesmo!
Passo-te a mão na nuca... Sou louca por essa curva! Sinto-te endireitares-te no banco como se procurasses uma posção mais confortavel...
Sorrio... as reacções que tens ao meu toque deixam-me inflamada de desejo pelo poder que me atribuis!
Retiro a mão entre risos...
Mais conversa para que te voltes a concentrar...
Começo a passear a ponta dos meus dedos pela mão que descansas na perna... Com a idade comecei a dar muita importância ás mãos... não sei porquê... aconteceu.
Redesenho os teus tendões com a ponta do meu dedos... contorno os teus dedos magros... sinto a aspereza da tua pele calejada pelo trabalho... Não me magoa... O nosso tocar é tão suave que é imposssivel nos magoar...
Abres bem a mão... voltas a palma para cima... e os meus dedos navegam nessas linhas numa caricia tão erótica...
De vez em quando cerras os olhos... estás a sair desse teu corpo... estás a planar num meio-sonho... ainda consciente da realidade.
Chegamos... ao nosso recanto escondido entre as folhagens das arvores e longe da azáfama que se começa a sentir pelo avançar das horas...
Sempre em contra-relógio!
Quando dou por ti estás nu no banco de trás... estás a ficar mais rapido que eu! Entre brincadeiras e risos, vou-me libertando da roupa e salto por entre os bancos para o teu colo...
Preliminares?! Tivémos kms deles!
Só já pensamos em sentirmo-nos unos...
Assim que me sento a teu colo sinto-te entrar em mim com uma precisão de relojoeiro... o deslise perfeito entre duas peças feitas para trabalhar em conjunto... descendo lentamente uma na outra adiando o momento do toque dos corpos que nos mostra que unimos totalmente as duas metades de um só prazer...
Mordes o lábio... sentes o meu calor e pensas que vais explodir de prazer... abraço-te para te beijar... para sentir o teu peito contra o meu... as tuas mãos nas minhas nadegas facilitam o movimento de vai-vem...
Afasto-me um pouco de ti... para te sentir mais e mais dentro de mim... sinto o orgasmo que se aproxima... o meu corpo cada vez mais arqueado para trás... apoio-me nos bancos da frente... tudo se esvai numa contracção muscular, num espasmo de prazer que te inunda... e te deixa com um sorriso diabolicamente atraente de quem quer mais... Elevas-me uma e outra vez... em estocadas rápidas... profundas... os orgasmos sucedem-se e fazes-me perder o controle de tudo...
Páras... tiras-me do teu colo... deixas-me de joelhos no banco de trás... de rabo bem empinado para ti... e entras de mansinho em mim... a escorregar no prazer que me deste e na tesão da antecipação do que ainda me vais dar!
Sinto-te, mais uma vez, todo dentro de mim... a tua pelvis a bater ritmada contra o meu rabo... mais rápido... mais rápido... sou eu quem morde o lábio agora para reprimir o grito de prazer que teima em escapar pela garganta apertada de tanto prazer... mais rápido... forte... preciso... sinto-te estremecer num grito selvagem de satisfação que não cabe no teu corpo e precisa do espaço de um sonho para sair...
Ficamos quietos por segundo, minutos, horas, eternidades de prazer que se manifesta em espasmos deliciosos que nos curvam os lábios num sorriso mais brilhante do que o Sol que ameaça nascer no horizonte...
Está na hora de voltar á realidade... vestimo-nos... saímos do nosso recanto... e voltamos ao mundo de onde partimos com destino traçado...
Terminou a nossa viagem... esta... que não foi a primeira e, talvez, não seja a ultima...

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